Apropriação Cultural
Indústria da Moda, Identidade e Diversidade
Apropriação Cultural não é simplesmente adotar aspectos
de uma outra cultura. Ela caracteriza-se propriamente quando uma cultura
dominante toma para si elementos de uma outra, cujos membros já foram oprimidos
por esse mesmo grupo mais influente.
Wes Gordon, diretor de criação da venezuelana Carolina
Herrera, criou sua nova coleção Resort 2020 inspirada na América Latina. No
entanto, a grife fora acusada de apropriação cultural, pois alguns dos vestidos
da coleção seguiram os padrões e elementos identitários de povos de regiões
especificas do México, o que vem causando questões jurídicas relevantes entre a
marca e o Governo Mexicano.
Melody Brasil Erler Von Erlea levanta uma importe
reflexão: “a que ponto uma indústria feita pela civilização exploradora pode se
inspirar e se basear na cultura explorada?”. Muitas marcas, pelo simples prazer
estético, tendem a utilizar elementos de diversas culturas chamando de
inspiração e, por vezes, ignoram a importância dos símbolos apropriados.
O mercado da moda está cada vez mais consciente e
empregando meios para se estruturar em torno de causas sociais. Contudo, nem
sempre as intenções são de boa-fé. Aliás, o consumidor precisa olhar para o que
está além da comunicação da empresa, como afirma André Carvalhal, autor da obra
Moda com Propósito.
Muitos discutem sobre Apropriação Cultural, outros não
acreditam que seja algo para ser debatido. No entanto, para entendermos o que é,
precisamos ser conscientes e olharmos para a realidade em que vivemos,
especialmente em uma cultura industrial extremamente capitalista em que tudo
vira mercadoria.
Andreza Santos Borges é Advogada
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